14.5.11

o que o médico disse...

ja lá vai algum tempo desde que fui à tal consulta, mas recordo o essencial (embora a memória não esteja no melhor..).
Em vésperas da dita cuja consulta deixei um conjunto de perguntas que disse que colocaria ao neuro.. e eles acabou pir me esclarecer todas, quer por resposta directa, quer na sequência da intervenção dele. Gosto muito do meu neuro-cirurgião - é um especialista diferente, que se importa com as pessoas, pouco ortodoxo nos métidos, mas é para o bem dos pacientes, um narciso com uma auto-confianças inabalável e que arrisca. E sósai-se sempre bem porque é muito bom. Tive muita sorte em encontrá-lo.

E assim ele deu-me estas respostas para as perguntas...

Já posso trabalhar?
R: Nem pensar! 3 meses, pelo menos, sem trabalhar. Um mês era apenas para descanso total. Não tenha pressas em voltar ao trabalho. Há que recuperar bem para depois não ficar com sequelas ou o resultado de uma má recuperação.

E ir ao ginásio?
R: Claro que sim, até ajuda a aliviar o stress, a recuperar mais rapidamente. o ideal é fazer natação, hidroginástica - senão quealquer desporto é bom. não tem limitações. (depois desta consulta, pensei que funcionaria como uma alvanca para regressar ao gin, mas acabou por acontecer tudo ao contrário...)

Sempre me retirou cérebro junto com o tumor?
R: o que fiz foi retirar o tumor do que era macroscopicamente visivel e ainda retirar cerebro à volta do que poderia já estar microscopicamente afectado. correu muito bem porque o tumor já se aproximava do girus pré-motor e tive receio que acordasse sem locomoção. (o médico confeçou, para reforçar quão bem me tinha corrido, que já depois da minha operação realizou outra semelhante a uma jovem e que não tinha corrido tão bem, já que  aprimeira noite passou-a sem sentir as pernas... só recuperou a sensibilidade no dia seguinte..)

Em que é que perdi faculdades?
R: Não perdeste faculdades, mas também não as ganhaste, simplesmente porque o tumor já ocupava uma zona do cérebro que agora está vazia (daí o médico procedeu a uma explicação recorrendo à maquete de um cérebro que ele tinha lá em cima da mesa: mostrou-me que para além da extensão, retirou-me tumor e cérebro em profundidade. fiquei comum buraco imenso no lado esquerdo ao centro que, com o tempo, vai sendo preenchido com massa cinzenta; o cérebro adapta-se ao lugar vazio).

Quais as sequelas de um mau descanso?
R: (a essa pergunta não me quis responder porque - é verdade - já mo tinha respondido antes da intervenção e tal... as sequelas passam por uma performance inferior a nível cognitivo e ter menor capacidade de resistência a muitas horas seguidas acordada, etc, etc..)

Isto de ter o discurso afectado, andar mais distraída, ter inconstâncias maiores de humor, perder-me entre o pensamento e a palavra, stressar mais com a pressão e o trabalho, é passageiro ou veio pra ficar?
R: é muito normal nesta fase (estava a meio do tempo de descanso). repare que não foi tirar um dente; você foi operada ao cérebro. essas ligações no cérebro ainda estão bastante inflamadas, tem que dar tempo para desinflamarem. em meio ano já estará como nova e pronta para dar o mesmo que antes.

Queria retomar o tratamento com a dermatologista... posso?
R: a dermatologista (ou seja, o microadenoma na hipófise) é o menor dos seus problemas de momento... (E perguntou-me se queria que me passasse alguma receita de algum medicamento, ao que pedi para me renovar o stock de um dos que tomo para esse 'micro-problema' hormonal..)

Ele acrescentou que o meu tumor era maligno, coisa que não esperava, visto que já me acompanha desde 2006. Oligodendroglioma Anaplásico (melhor teria sido se fosse 'Simples' referiu o Dr.), é o nome do bicho, um tumor de Grau II, que se caracteriza pelo lento crescimento. Estes tumores são dos mais raros, disse-me o neuro; os agressivos (de crescimento rápido) são os mais comuns.
O médico também confeçou que só não estou a fazer radioterapia porque ele contrariou a vontade da equipa de oncologia; explicou que o resultado da cirugia e a minha idade (tão jovem) não justificariam essa opção que traz alguns malefícios. No caso do tumor reincidir, poderá vir com maior agressividade. Aí terei que ser novamente operada e fazer radio. Vou ser vigiada por ele de 6 em 6 meses. A próxima consulta é em Novembro, com uma nova TAC a ser feita nessa antura (deu-me a que fiz em véspera da cirurgia para mostrar quando fosse fazer a nova).
Outra coisa que referiu era que teria sido 'melhor' se o tumor tivesse 'atacado' o hemisfério direito do cérebro, por causa das questões motoras... Os 'livros' dizem que mesmo quem é operado a este tipo de tumor tem uma sobrevida de 5 a 15 anos... o meu dr. disse que os 'livros' não sabem tudo e tem pacientes que operou há mais de 15 anos e saudáveis.

E foi isso...

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